domingo, 13 de fevereiro de 2011


3º Ano - Filosofia - 1º Trimestre

O que é ciência?

1 Características do conhecimento científico

- As ciências da natureza surgiram no século XVII: Galileu (física e astronomia);
- Pela história: descoberta do fogo, invenção da roda, variadas técnicas agrícolas, de pastoreio, de habitação ou vestimenta;
* antes da física: construção inteligente de habitação, flutuar embarcações, construção de palácios, aquedutos, sistemas de irrigação;
* antes da biologia: identificavam inúmeras doenças e seu tratamento;
* antes da química: oficinas de metalurgia e tingimento;
* antes da economia: os Estados já sabiam como administrar os bens públicos.
= através do conhecimento e da técnica, do bom senso, uso espontâneo da razão e da imaginação (ensaio e erro), dedução (em um argumento dedutivo correto a conclusão é inferida necessariamente das premissas, ou seja, o que está dito na conclusão é extraído das premissas, pois na verdade já está implícito nelas – ex. todo brasileiro é sul-americano; todo paulista é brasileiro; todo paulista é sul-americano) e indução (a indução por enumeração é uma argumentação pela qual, a partir de diversos dados singulares constatados, chegamos a proposições universais – ex. o cobre é condutor de eletricidade, e o ouro, e o ferro, e o zinco, e a prata também... logo, o metal (isto é, todo metal) é condutor de eletricidade).

= O que realmente mudou a partir do século XVII?
Forma de investigação mais rigorosa, conhecimento sistemático, preciso e com maior objetividade.


CIÊNCIA
SENSO COMUM
Objetividade[1]
Subjetividade/idiossincrasias[2]
Conhecimento Universal
Conhecimento Particular (tradição/crenças/fragmentado)
Afirmações Assistemáticas
Afirmações Sistemáticas
Verificação objetiva dos fenômenos
Percepção imediata, imprecisa e subjetiva da realidade
Formas mais elaboradas do saber
Visão de mundo precária e distorcida


= Os cientistas trabalham com: hipóteses testáveis, que podem ser submetidas à experimentação, de modo a serem confirmadas ou rejeitadas; a ciência é constituída por corpos de conhecimento organizado cujas investigações sistemáticas estão empiricamente fundamentadas pelo controle dos fatos;
- Depois de confirmadas, tornam-se enunciados gerais (leis): distingue e separa certas propriedades e descobre relações entre outras, unificando um grande número de fatos que pareciam díspares (ex. relação entre o orvalho da noite e as gotículas que aparecem na garrafa retirada da geladeira; descobrir que a respiração é uma forma de combustão; relacionar o movimento da Lua, as marés, as trajetórias de projéteis e a subida de líquidos em tubos delgados).
- Linguagem rigorosa: a ciência torna precisos seus conceitos, evitando ambigüidades; esse rigor aumenta com a aplicação da matemática, que transforma qualidades em quantidades e a utilização de instrumentos de medida. As ciências atingem a precisão da mecânica, mas permanece em todas elas o ideal da sistematização e da lógica rigorosa.


[1] A ciência é uma instituição social em que as atividades de cada cientista, como membro de uma comunidade intelectual, estão sujeitas à crítica dos demais.
[2] Maneira de ver, sentir, reagir, peculiar a cada pessoa. (É uma disposição do temperamento, da sensibilidade que faz com que um indivíduo sinta de modo especial e muito seu a influência de diversos agentes).

2 A
TEORIA DO CONHECIMENTO NA IDADE MODERNA
2.1 Racionalismo (René Descartes, 1596-1650 – Pai da Filosofia Moderna)
- A concepção racionalista: que se estende dos gregos até o final do século XVII afirma que a ciência é um conhecimento racional dedutivo e demonstrativo como a matemática, portanto, capaz de provar a verdade necessária e universal de seus enunciados e resultados, sem deixar qualquer dúvida possível; uma ciência é a unidade sistemática de axiomas, postulados e definições que determinam a natureza e as propriedades de seu objeto e de demonstrações, que provam as relações de causalidade que regem o objeto investigado; o objeto científico é uma representação intelectual universal, necessária e verdadeira das coisas representadas e corresponde à própria realidade, porque esta é racional e inteligível em si mesma; as experiências científicas são realizadas apenas para verificar e confirmar demonstrações teóricas e não para produzir o conhecimento do objeto, pois este é conhecido exclusivamente pelo pensamento; o objeto científico é matemático, porque a realidade possui uma estrutura matemática, ou como disse Galileu, “o grande livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos”;
- Hipotético-dedutiva: definia o objeto e suas leis e disso deduzia propriedades, efeitos posteriores, previsões.

Principal representante: René Descartes (1596-1650);
Motivação: descontente com os erros e as ilusões dos sentidos, procura fundamento do verdadeiro conhecimento;
Método: dúvida (de tudo que lhe chega pelos sentidos: idéias das tradições);
Primeira verdade: se duvido, penso; se penso, existo (como ser pensante: sujeito ou consciência que é capaz de duvidar); “Penso, logo existo”;
Distinção: dois tipos de idéias

Claras e distintas
Confusas e duvidosas

Idéias gerais, não derivam do particular, se encontram no espírito, como instrumentos que Deus nos dotou para fundamentar a apreensão de outras verdades;
Idéias inatas, que não estão sujeitas a erros e que são o fundamento de toda a ciência;
Para conhecê-las, basta que nos voltemos para nós mesmos, por meio da reflexão;
Exemplos: Deus (perfeito e infinito – substância infinita), substância pensante (res cogitans) e matéria extensa (res extensa)



Ponto de partida: pensamento (como passar do pensamento para a matéria dos corpos?); podemos pensar a idéia de infinito – Deus: perfeição; para ser perfeito, Deus deve existir como ser; não nos engana; se nos faz ter idéias sobre o mundo, é porque o criou; a partir da idéia inata, podemos deduzir a idéia da existência da matéria dos corpos, ou seja, da matéria extensa;
A razão: não afeta e não é afetada pelos objetos; só lida com representações: imagens mentais, idéias ou conceitos que correspondem aos objetos exteriores;
Idéias: três tipos
- Adquiridas: formadas a partir da experiência; ex. estrelas, Sol, montanha, cidade;
- Artificiais: forjadas por nossa imaginação a partir das adquiridas e que não tem realidade fora da nossa mente; ex. Papai Noel (velhinho, barbas brancas, carrega saco de brinquedos...);
- Inatas: impressas por Deus em nossa alma; ex. idéias de perfeição, infinito, liberdade, etc.;
Método: deve assegurar que:
- As coisas sejam representadas corretamente, sem risco de erro;
- Haja controle de todas as etapas das operações intelectuais;
- Haja possibilidade de serem feitas deduções que lêem ao progresso do conhecimento;
= Crucial para o conhecimento filosófico a partir do século XVII;
= Modelo: ideal matemático, porque visa ao conhecimento completo, perfeito e inteiramente racional.

2.2 O Empirismo (Francis Bacon, 1561-1626; John Locke, 1632-1704; David Hume, 1711-1776)
 
- A concepção empirista: que vai da medicina grega e Aristóteles até o final do século XIX afirma que a ciência é uma interpretação dos fatos baseada em observações e experimentos que permitem estabelecer induções que, ao serem completadas, oferecem a definição do objeto, suas propriedades e suas leis de funcionamento; a teoria científica resulta das observações e dos experimentos, de modo que a experiência não tem simplesmente o papel de verificar e confirmar conceitos, mas tem a função de produzi-los; eis porque, nesta concepção, sempre houve grande cuidado para estabelecer métodos experimentais rigorosos, pois deles dependiam a formulação da teoria e a definição da objetividade investigada;
- Hipotético-indutiva: apresentava suposições sobre o objeto, realiza observações e experimentos e chegavam à definição dos fatos, às suas leis, suas propriedades, seus efeitos posteriores e previsões.

Principal representante: John Locke (1632-1704)
Ponto principal: todas as idéias têm origem na experiência sensível; a partir dos dados da experiência que, por abstração, o entendimento ou intelecto, produz idéias;
Razão humana: folha em branco – sobre a qual os objetos vão deixar sua impressão sensível, a qual será elaborada, por meio de certos procedimentos mentais, em idéias particulares e idéias gerais; podemos observar os fenômenos, mas não suas causas e suas relações;
Idéias: provêm de duas fontes:
- Sensação: apreende impressões vindas do mundo externo;
- Reflexão: é o ato pelo qual o espírito conhece suas próprias operações;
= As idéias podem ser simples e complexas: se impõem à consciência na experiência sensível e são irredutíveis à análise; ao correlacionar idéias simples, o espírito constitui as idéias complexas.

Outro representante: David Hume (1711-1776)
- As relações não são observáveis, portanto não estão nos objetos. São modos que a natureza humana tem de passar de um termo a outro, de uma idéia particular a outra. E esses modos são frutos do hábito ou da crença; o que observamos é uma seqüência de eventos (água ferver a 100ºC, o Sol nascendo todos os dias), sem nexo causa; a única base para as idéias ditas gerais é a crença – do ponto de vista do entendimento – faz uma extensão ilegítima do conceito.
2.3 O Construtivismo
- A concepção construtivista: iniciada no século XX considera a ciência uma construção de modelos explicativos para a realidade e não uma representação da própria realidade; o cientista combina dois procedimentos – um, vindo do racionalismo e outro, vindo do empirismo – e a eles acrescenta um terceiro, vindo da idéia de conhecimento aproximativo e corrigível; como o racionalista, o cientista construtivista exige que o método lhe permita e lhe garanta estabelecer axiomas, postulados, definições e deduções sobre o objeto científico; como o empirista, o construtivista exige que a experimentação guie e modifique axiomas, postulados, definições e demonstrações; no entanto, porque considera o objeto uma construção lógico-intelectual e uma construção experimental feita em laboratório, o cientista não espera que seu trabalho apresente a realidade em si mesma, mas ofereça estrutura e modelos de funcionamento da realidade, explicando os fenômenos observados; não espera, portanto, apresentar uma verdade absoluta e sim uma verdade aproximada que pode ser corrigida, modificada, abandonada por outra mais adequada aos fenômenos; são três as exigências de seus ideais de cientificidade: a) que haja coerência (isto é, que não haja contradições) entre os princípios que orientam a teoria; b) que os modelos dos objetos (ou estruturas dos fenômenos) sejam construídos com base na observação e na experimentação; c) que os resultados obtidos possam não só alterar os modelos construídos, mas também alterar os próprios princípios da teoria, corrigindo-a.

2.4 O Positivismo (Augusto Comte, 1798-1857)
- Acreditava na superioridade da ciência e no seu poder de explicação dos fenômenos de maneira desprendida da religiosidade (extirpar os mitos, a religião, a metafísica e as crenças em geral); ele acreditava que a ciência deveria ser utilizada para organizar a ordem social (instaurar disciplina e ordem) através da Sociologia (física social, criada a partir do livro “Curso de Filosofia Positiva”, 1839); para García Morente, “o positivismo é o suicídio da filosofia”.



2º Ano - Sociologia - 1º Trimestre

Cultura e Indústria Cultural
Questões:
1 Conceitue herança social e legado cultural:
2 Defina cultura:
3 O que é etnia?
4 O que é raça?
5 Qual raça ou grupo étnico pode dizer que é melhor ou mais desenvolvido que outro? Quais as críticas a esse pensamento? E o apartheid, ocorrido na África do Sul nos anos de 1948 a 1991?
6 O que justificou o Holocausto dos Judeus, durante a II Guerra Mundial?
7 O que é etnicidade?
8 Explique as chamadas Políticas Afirmativas:
9 De que descendência você é?
10 Durante o processo de colonização pelo qual passou parte do mundo, a partir do século XV, foi deixada uma forte marca de etnocentrismo. O que é etnocentrismo?
11 Explique o que é interação social e o papel da internet como fator negativo:
12 Qual é a teoria de Gilberto Freyre sobre a miscigenação brasileira, a obra que retrata essa realidade e dê a sua opinião sobre isso:
13 Comente o fenômeno conhecido como contato interétnico:
14 Conceitue preamentos:
15 Defina mudança cultural:
16 Qual a preocupação de Florestan Fernandes na obra “A integração do negro na sociedade de classes” (1978)? Explique alguma relação dessa crítica nos dias de hoje:
17 O que Monteiro Lobato, no “Sítio do Pica-Pau Amarelo” e em “Negrinha” pretendia resgatar?
18 Qual é a teoria de Darcy Ribeiro sobre a formação de um povo-nação?
19 Comente a teoria de Levi-Strauss sobre estruturas sociais e a visão de Durkheim:
20 Faça a distinção entre povo e nação:
21 O que afirma a teoria evolucionista darwinista e a criacionista?
22 O que é genocídio? Qual é o fundamento histórico desse acontecimento?
23 Como surgiu o colonialismo?
24 Discorra sobre a teoria de Edward Burnett Tylor:
25 O que prega o determinismo?
26 Faça a distinção entre a Literatura Barroca e o Arcadismo e suas funções sociais:
27 Fundamente a distinção de cultura popular e cultura erudita na aquisição do conhecimento:
28 O que é Folclore?
29 O que o folclore, cultura popular e erudita tem a ver com dominação e controle social?
30 O que Indústria Cultural? Você já se perguntou por que hábitos e até os padrões de beleza sempre mudam?
31 Quais as vantagens e desvantagens da indústria cultural?
32 O que é multiculturalismo?

2º Ano - Filosofia - 1º Trimestre

VIRTUDE E FELICIDADE

Aristóteles
- A felicidade é o resultado do saber viver;
- Ética: saber viver – felicidade; não e algo imperativo, mas opção de cada um – sujeitos de nossos atos e escolhas (não há verdade pré-estabelecida); desafio: fazer a escolha certa; ser ativo e não passivo diante da vida (não cabe omissão); necessário desenvolver a capacidade de análise da realidade; tudo depende ao fato de viver em sociedade: na polis; para o mundo grego, ética e política caminham juntas: a comunidade social é o lugar necessário para a vivência da ética; o homem só pode viver e buscar sua finalidade (felicidade) na comunidade social, pois é um animal político, ou seja, social;
- Idiotés: quem não se metia em política – pessoa isolada, sem nada a oferecer às demais, obcecada pelas mesquinharias de sua casa, manipulada por todos (SAVATER);
- Virtude: garantia da felicidade (torna o homem bom, permite cumprir bem a sua tarefa; é racional, conforme e constante); está relacionada às escolhas (não no sentido de querer ou não um objeto, mas de agirmos de uma ou outra forma);
- Democracia: cidadãos – nascidos em Atenas, homens livres a partir dos 18 anos – espaço da polis: cidade (comunidade política, lugar da vida do homem – animal político e social, onde o homem vive e atinge a felicidade (não eram: mulheres, crianças, estrangeiros – oikos: casa);
- “Ética a Nicômaco”: discute a ação da vida humana – bem – finalidade – felicidade (bem supremo);
- Excelência: intelectual (instrução, processo educativo e formativo – escola, através dos estudos) e moral (produto do hábito – ethiké e ethos: prática, habilidade, relacionada às ações e emoções, prazer e sofrimento; capacidade de lidar com as emoções e ações);
- Bom: usar bem a excelência moral; mau: não usá-las;
- Meio termo: garantirá atingir o alvo (domínio do prazer e sofrimento) – buscada pela excelência moral; equilíbrio entre o excesso e falta; depende da nossa capacidade racional: exige reflexão e escolha; não é pronto e dado, mas precisa ser atingido;
- Disposição de caráter: estados de alma em relação às emoções: bem ou mal – o que demais ou pouco não é bom – precisa atingir a excelência: meio termo;
Sêneca
- Felicidade e virtude: mesma coisa;
- Felicidade: consiste em viver segundo a natureza – permeada pela racionalidade: o mundo é todo orgânico, solidário e dirigido por uma razão universal – deus, na qual tudo se submete, não havendo lugar para o acaso, desordem e a imperfeição;
- Nasceu da necessidade de paz e certeza (num dos períodos mais perturbados da história grega);
- Probabilismo: não existe verdade, mas opiniões mais ou menos prováveis;
- Estoicismo: não ser escravo demais das resoluções que tomamos; ceder à boa vontade à pressão das circunstâncias e não temer mudar; fortuna: sorte, acaso e imprevisto – tique (para a filosofia, acaso: erro, ilusão, porque tudo acontecia por necessidade racional, por uma razão); versatilidade: ceder de boa vontade à pressão das circunstâncias e não temer mudar – tranqüilidade diante do mundo que nos cerca;
- Entende o homem em ralação à natureza;
- Superar o desgosto pelo gênero humano para não mergulhar em noites escuras – alerta – mais um motivo que pode afligir o espírito;
- Pessoas de bem que acabaram mal: Sócrates, Rutílio, Pompeu e Cícero, Catão; exemplos da modernidade: Martin Luther King, Che Guevara, Nelson Mandela, Francisco Alves Mendes Filho, Chico Mendes;


















































AMIZADE

Aristóteles
- “Ética a Nicômaco”: IX e X – a amizade é fundamental para a união das cidades; a amizade verdadeira ocorre entre as pessoas boas e inexiste a calúnia, pois há a confiança e sinceridade;
- A amizade está ligada à bondade: algo agradável e desejável (bom: agir de forma acertada, mediania, equilíbrio de nossas ações diante das emoções – sociabilidade); pessoas boas: agradáveis e úteis;
- Superioridade de uma das partes: pai e filho, pessoas idosas e jovens, marido e mulher – entre quem manda e quem obedece (proporcionalidade: justiça X amizade); adulador: amigo de qualidade inferior;
- Amizade: fundamental para a vida em sociedade e seus desvios podem geram problemas sociais.
Pe. Antº Vieira
- Com base em Mt 5,44: discute se os reis estão ou não dispensados de amar seus inimigos;
- Alerta reis e príncipes (considera-os melhores, mais dignos e soberanos) para o cuidado com suas amizades, correm riscos de estarem cercados de aduladores que irão ofuscá-los com bajulações e causar-lhes a ruína de si mesmos e do reino.
Paulo Leminski
- Desenvolve a teoria da “Ditadura da Utilidade”: na sociedade contemporânea, tudo tem que dar lucro – a utilidade acima da liberdade;
- A vida é um dom dos deuses para ser saboreada (o amor, a amizade, o convívio...) – própria finalidade da vida;
- O verdadeiro sentido da vida está relacionado ao mundo da liberdade.
Charles Darwin
- Trata o homem enquanto ser biológico, ou seja, animal;
- Preservar a vida e a espécie: em algum momento, luta pela sobrevivência: mais resistentes, mais fortes, mais saudáveis, mais felizes – multiplicar-se;
- O homem é um animal movido por suas características animais, que interferem em sua vida cotidiana.













LIBERDADE

Guilherme de Ockham
- Para a ética, a liberdade é o assunto por excelência;
- Vida marcada contra o autoritarismo;
- Critica o poder tirânico do papa, oposto à liberdade que Deus e a natureza concedem a todos; desmonta a tese da superioridade do poder espiritual sobre o temporal;
- Denuncia aqueles que em nome da religião passam a usurpar a liberdade;
- Situa a ação humana nas coisas e situações particulares e não universais (liberdade individual);
- Faz a distinção das faculdades humanas (capacidade de escolha) e faculdades animais/instintivas: o homem deve agir pela primeira, presente de Deus e da natureza.



Hannah Arendt
- Relaciona a liberdade ao campo da política: motivo pelo quais os homens convivem politicamente organizados.
Etienne de La Boétie
- A liberdade é o princípio ético para a ação humana;
- “Discurso da Servidão Voluntária”: procura entender por que os homens abrem mão de sua liberdade, concedendo a outro o direito de decisão e de comando;
- Procura sensibilizar seus contemporâneos à necessidade de lutar pela liberdade e romperem com a servidão;
- Afirma que são os próprios homens que se fazem dominar, bastaria rebelar-se para restabelecer sua liberdade: o povo deve ser sujeito de sua história;
- São servos por se sentirem seguros, mas vivem como bichos;
- Liberdade: bem tão grande e tão aprazível;
- Todo o mal que o homem sofre é pelo fato de ter perdido (vontade própria) a sua liberdade; afirma que é da própria natureza humana ser livre;
- Rejeita a tese de que uns sejam mais do que outros: como alguns teóricos do Direito Divino pressupunham que o rei e a família real eram mais em dignidade que o restante dos homens, o que justifica a obediência e reverência a eles prestada;
- Não condena o povo por não exercitar o seu direito primordial à liberdade, pois acredita que o mesmo não tem consciência e conhecimento da situação em que realmente se encontra.

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

            O discurso sobre ética tem sido proliferado com uma freqüência arrebatadora no meio midiático, perpassando por todas as esferas da sociedade: empresas privadas e públicas, escolas, igrejas, na esfera pública, instituições políticas, na família.
            Antes de qualquer coisa, cabe uma rápida distinção de moral e ética para a compreensão da temática, onde
                                                                      

“a moral é o conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época ou por um grupo de pessoas. Em um primeiro momento dessa discussão, podemos dizer de modo simplificado que o sujeito moral é aquele que age bem ou mal na medida em que acata ou transgride asa regras morais. A ética ou filosofia moral é a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral. Essa reflexão pode seguir as mais diversas direções, dependendo da concepção de ser humano tomada como ponto de partida” (ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires.  Filosofando.  3ed. São Paulo: Moderna, 2003, p.301).


            As pessoas agem por uma forte influência moral, baseada nos costumes, hábitos, valores de uma comunidade, onde suas bases conceituais são construídas eminentemente pelas instituições religiosas, desde os primórdios da existência humana, bem como das religiões na sua maior extensão, caracterizadas por um conjunto de regras – certo e errado, mal e bem, como uma “tabela” pré-estabelecida e que não permite mudança, apenas adequação das pessoas que vivem sob a égide dessa imposição.
            Com o passar do tempo e a evolução da espécie humana, as situações problema movimentam-se de uma forma a exigir novos parâmetros para avaliação na procura de uma resposta, de uma solução, o que a moral não dá conta disso. Exigem-se novas respostas, onde uma reflexão no campo da ética aprofunda a questão.
            A ética, como conjunto de reflexão que visa o bem e a preservação da vida em sua maior abrangência não julga os fatos de forma isolada, pré-estabelecida, apressada. Ao contrário, coloca-se no lugar da pessoa, da comunidade, da sociedade em questão, e reúne os elementos envolvidos no caso, discorrendo exaustivamente, debatendo, para chegar a uma decisão que seja melhor principalmente para o sujeito principal, como exemplo, a eutanásia – desliga-se ou não o aparelho? Os familiares, a junta médica e em alguns casos, o poder judiciário, discutirão qual a melhor medida a ser tomada.
            Portanto, a ética é essencialmente responsabilidade social, já que não está desvinculada em hipótese alguma do meio social e existe para a preservação universal da vida, acima de qualquer coisa.

“Para que haja conduta ética é preciso que exista o agente consciente, isto é, aquele que conhece a diferença entre bem e mal, certo e errado, permitido e proibido, virtude e vício. A consciência moral não só conhece tais diferenças, mas também reconhece-se como capaz de julgar o valor dos atos e das condutas e de agir em conformidade com os valores morais, sendo por isso responsável por suas ações e seus sentimentos e pelas conseqüências do que faz e sente. Consciência e responsabilidade são condições indispensável da vida ética” (CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 1ed. São Paulo: Ática, 2005, p.163).

1º Ano - Sociologia - 1º Trimestre

IDADE ANTIGA (4000 a.C. – séc. IV)
Platão (427-347 a.C.)
- Nasceu em Atenas; descendia de família nobre, vivendo no centro da vida política e cultural; Desde jovem, manifestou forte desejo de participar da vida política, mas a condenação de Sócrates (seu mestre), o desiludiu; Fundou a famosa Academia (387 a.C); Abordou a questão social, sistematizou suas propostas sobre a organização e funcionamento da sociedade; na obra, “A República”: propõe uma organização utópica de sociedade (a sociedade surge do mero impulso da natureza, uma realidade natural); por força da natureza, surge as classes sociais: classe operária, classe dos guerreiros, conselho dos sábios (“reis filósofos”); aristocracia: governo dos melhores.

Aristóteles (384-322 a.C.)
- Nasceu em Estagira, na Macedônia; seu pai era médico; educador de Alexandre (rei da Macedônia); Funda o Liceu (centro de pesquisa e ensino); exerceu influência na filosofia, política, literatura e ciências em geral; Obra “Ética a Nicômaco”: relações humanas na sociedade, organização e funcionamento da vida social (síntese no livro “República”); “o homem é por natureza um animal político”: animal social; - Linguagem: uma das principais provas da tendência natural dos seres humanos para a vida social – exprime a união entre eles; O ser humano vive em sua tribo – pólis – sociedade mais ampla e organizada (alicerce reside na concórdia: forma especial de amizade); O Estado: comunidade de cidadãos, atende o instinto social próprio do ser humano e promove o bem comum; cidadão: quem é livre e participa da administração da justiça e do governo; Estudou cerca de 158 constituições políticas de diferentes povos e chegou à conclusão que existem três boas formas de regime político: monarquia – quem governa é um só e o melhor; modalidade de governo que promove principalmente a unidade da pólis; aristocracia – o governo é exercido pelo grupo dos melhores; sistema que desenvolve o aperfeiçoamento da sociedade; politéia – uma forma de democracia, em que todos os cidadãos são igualmente capazes e, por isso, participam do governo; tipo de regime que favorece a liberdade dos indivíduos;
- Em vez de governarem para o bem do povo, os dirigentes governam em benefício próprio – a monarquia se degenera em tirania; a aristocracia se reduz em oligarquia e a politéia em democracia degenerada;
- Regime ideal: integrasse as virtudes dos três modelos, evitando a deformação de cada um deles.
IDADE MÉDIA (séc. V – XV)
Santo Agostinho (354-430)
- O Cristianismo: dominante, traça diretriz e normas a respeito do comportamento dos homens em seu convívio social (o mesmo acontece nos países muçulmanos – Islamismo);
- Grande pensador que faz a transição da Antiguidade para a Idade Média; nasce em Tagaste, província de Numídia, atual Argélia; até os 32 anos levou uma vida desregrada; em Milão converteu-se ao Cristianismo; torna-se bispo de Hipona (Argélia); Grande representante do pensamento social do cristianismo antigo; teses teológicas e filosóficas dominaram o Ocidente cristão por cerca de sete séculos; Suas idéias e análises sobre a História e a sociedade humana estão expressas principalmente em sua importante obra intitulada “A Cidade de Deus” (na qual trabalhou durante treze anos) e tiveram influência até mesmo em modernas concepções jurídicas e sociológicas;
- Civitas dei (cidade de Deus): comunidade de espíritos que Deus criou e que, antes do pecado, o veneravam em comum; e civitas diaboli (cidade do diabo): formada por aqueles que se afastaram de Deus, quer sejam os espíritos do além, quer sejam os humanos aqui na terra;
- Na história terrestre: os membros dos dois reinos acham-se misturados; os filhos de Deus servem-se do mundo e das coisas materiais tendo em vista a futura contemplação de Deus, na comunidade celeste; ao passo que os filhos do diabo querem se servir de Deus para melhor gozarem do mundo e de bens materiais, que pelo egoísmo, inveja, ganância e injustiça a sociedade humana é conturbada; Afirma que ao enriquecer às custas dos outros povos e explorar seus súditos com impostos, todos os Estados terrestres são na verdade grandes bandos de facínoras; os filhos de Deus devem aprender a viver neste mundo, sem se deixar contaminar por esses comportamentos, buscando construir uma sociedade justa, socialmente eqüitativa, pacífica e onde reine o amor ao próximo.

Santo Tomás de Aquino (1225-1274)
- Nasceu em Roccasecca, Nápoles, Itália; frade da ordem dos dominicanos; Em sua Filosofia e estudo geral das Ciências, retoma, em boa parte, o pensamento de Aristóteles, adaptando-o à doutrina cristã.
- “Summa Theologica”: faz grandes sínteses do pensamento medieval;
- O mundo é criatura de Deus: na sua origem e essência, o mundo é bom; se o mundo está corrompido, é por causa do pecado cometido pelo homem; o próprio homem, em sua natureza, também é bom; o homem é um animal político, por sua própria natureza, destinado a viver em sociedade; o Estado é reflexo da lei natural: tradução da lei sobrenatural, isto é, vontade de Deus, da qual a Igreja é intérprete; Os príncipes jurídicos que presidem a organização social e a vida comunitária decorrem dos Dez Mandamentos de Moisés; Cristo-Rei e o Imperador: cabeça do corpo social; súditos: partes do corpo, partes do reino.
IDADE MODERNA (séc. XV – XVIII)

Thomas Morus (1477-1535)

- Administrador e diplomata, o inglês escreveu “Utopia” (sonho inatingível de se criar uma sociedade perfeita) – situa a sua comunidade ideal; faz severas críticas à sociedade inglesa e européia, aborda a miséria dos lavradores ingleses do seu tempo (expropriados de suas terras), imagina um país perfeito, constituição democrática, ordem econômica racional, mercado auto-suficiente de trocas, governado por uma assembléia eleita – principal tarefa: evitar desequilíbrios sociais;
- Orientada pela razão, a ilha da Utopia é um lugar em que a felicidade do povo deriva de uma perfeita organização social, jurídica e política;
- A família: base da ordem social; Tudo é comunitário; Trabalho de seis horas, tempo de lazer, cultura e o convívio; todos devem trabalhar, exceto um pequeno grupo que se dedica aos estudos;
- Aborda no livro “Utopia”: direitos da mulher, a educação, o divórcio, a eutanásia, a abolição do dinheiro, etc.; Teve inspiração na obra “A República”, de Platão;
- Pela sua obra, está incluído entre os precursores do Socialismo;
- Morreu decapitado pela sua fidelidade religiosa – considerado santo pela Igreja Católica.

Tommaso Campanela (1568-1639)

- Italiano, nasceu na Calábria, família humilde, frade dominicano; viajou por Nápoles, Pádua e Roma – sofreu perseguição e prisão por causa de suas idéias e comportamentos;
- Liderou uma revolta contra o domínio dos espanhóis – foi traído, preso, torturado e passou 27 anos na prisão – escrevendo a maior parte de suas obras, nas quais “A Cidade do Sol” (forma de diálogo, tenta realizar a conciliação entre os dogmas cristãos tradicionais e as novas concepções científicas e religiosas trazidas pelo Renascimento; obra de caráter utópico – idealiza uma sociedade ao mesmo tempo naturalista e teocrática, igualitária e comunista – de onde seria abolida tanto a propriedade privada quanto a família; é fundamental que não haja ricos e pobres, mas que todos vivam numa comunhão de bens e deveres, dentro de uma sociedade organizada de acordo com rigorosos princípios científicos.



Nicolau Maquiavel (1469-1527)

- Italiano, nascido em Florença, filósofo, exerceu cargos burocráticos e diplomáticos na república de sua terra natal; foi preso e exilado quando os Médici derrubaram a república e retomaram o poder; no exílio, escreveu “O Príncipe”;
- “O Príncipe”: rompe com a moral cristã medieval e cria as bases da moderna ciência política – deixa de lado os princípios filosóficos e propostas idealistas, preferindo orientar-se pelos fatos, documentos, observações e experiências – de um modo realista e crítico;
- Observador estrito e objetivo da realidade e dos comportamentos e paixões humanas, indignado com a decadência política e moral, dá conselhos a um príncipe imaginário sobre como conquistar o poder absoluto, como se mantém o poder e como se perde o poder;
- O governante: deve agir ora como ser humano – seguindo a razão e a lei; outrora como animal – usando combinadamente a força do leão e a astúcia da raposa, para poder conquistar e consolidar o poder;
- Separando a moral e os interesses dos indivíduos da moral de Estado (chamadas ‘razões de Estado’) – defende o princípio, na política, onde os fins justificam os meios; recomenda todos os meios – inclusive a mentira, fraude, violência (“maquiavelismo”).

Francis Bacon (1561-1626)

- Inglês, em sua obra inacabada “Nova Atlântida”: preconiza uma sociedade organizada em torno das ciências e da indústria;
- Centro de sua utopia: não é o Estado, mas a “Casa de Salomão” – vasto local de pesquisa científica e tecnológica – saúde, agricultura, pecuária, invenção de máquinas, instrumentos e aparelhos, produção em série e a preço baixo de artigos de consumo e de todos os tipos de mercadorias, onde tudo é pesquisado, produzido e constantemente aperfeiçoado por grupos de especialistas, nos mais diversos laboratórios, fábricas e academias;
- A justiça social: não é mais o objetivo do Estado, mas sim o domínio científico sobre a natureza e a satisfação das ilimitadas necessidades dos seres humanos, que deste modo se tornariam mais justos, felizes e pacíficos; trata-se, portanto, de uma utopia tecno-científica – precursora da famosa utopia moderna “O Admirável Mundo Novo” (1932), romance de Aldous Huxley – uma sátira do mundo tecnicamente mecanizado do fim do século XX.


IDADE CONTEMPORÂNEA (séc. XVIII aos dias atuais)

- Iluminismo: Século das Luzes – avaliou-se com excessivo otimismo o poder da razão, da inteligência humana; com as luzes de seu intelecto, o homem seria capaz de resolver satisfatoriamente as questões ligadas à natureza, à sociedade e às ciências – acelerando o progresso da humanidade; essa crença no poder da razão humana chama-se racionalismo; forma de reação contra o autoritarismo (tradição dos costumes e idéias, governos monárquicos, a religião...) – desenvolveram propostas de nova forma de organização social.


MONTESQUIEU (1689-1755)
- Francês, exerceu grande influência na Filosofia da História e no Direito Constitucional;
- Analisou a história do Império Romano, utiliza um método minucioso, fruto de observação e variedade de enfoques, revolucionário para sua época, e que antecipa os procedimentos típicos do método científico do século XIX; foi o primeiro empregar o termo “decadência” ao analisar uma nação e seu destino histórico;
- Na política: “O Espírito das Leis” – elabora a famosa teoria da separação dos poderes, objetivando acabar com a forma absolutista de governo – a autoridade política é exercida pelos poderes executivo, legislativo e judiciário, cada um independente e fiscal dos outros dois;
- Procura-se garantir tanto a liberdade do cidadão como a eficiência das instituições governamentais;
- Essas idéias inspiraram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada durante a Revolução Francesa (1789), bem como a Constituição dos Estados Unidos (1787);
- Atualmente, a maioria das nações ocidentais adota em suas constituições o princípio da separação dos poderes proposto por Montesquieu.



ADAM SMITH (1723-1790)
- Escocês, contribuiu na área da economia – fundador da economia liberal clássica;
- “A Riqueza das Nações” – desenvolve análise e teorias econômicas, procurando relacioná-las com os mais variados componentes do amplo sistema político e social;
- Quadro de referência: a situação da Inglaterra de sua época, afetada pelo início da primeira Revolução Industrial e pelo conflito entre os interesses da nobreza, dona das terras, e os interesses da emergente burguesia manufatureira, desejosa da liberdade econômica para os seus empreendimentos industriais;
- Ele defendeu a teoria de que a fonte única da riqueza é o trabalho, pois já nas sociedades primitivas o valor da troca dos objetos era estabelecido em função do esforço necessário para produzi-lo;
- A livre iniciativa dos indivíduos: o sistema econômico se desenvolveria de forma harmônica, conforme um modelo de crescimento contínuo da riqueza geral do país; defendeu a apropriação privada do capital e a liberdade de mercado; é contrário à intervenção do Estado nos negócios particulares e no comércio internacional; A busca do interesse próprio seria a lei psicológica natural que serviria de base a essa teoria: os empresários seriam impulsionados pelo desejo de maior lucro em seus empreendimentos e os trabalhadores buscariam a melhor remuneração ao venderem sua força de trabalho;
- A oferta e a demanda dos produtos, bem como seus custos de produção seriam reguladas espontaneamente pela “mão invisível” que estabelece a competição de mercado.